Jesus Cristo quando esteve
conosco fez muitos milagres, provocou a racionalidade de algumas pessoas, emocionou outras, deixou ensinamentos, esclareceu conceitos sobre justiça,
verdade, amor e pediu depois que seus discípulos fossem testemunhas desses
milagres e ensinos.
Testemunhar de Cristo é
contar do bem que Ele fez na vida da pessoa convertida. É compartilhar a cura,
a graça, a misericórdia, o perdão de Deus concedidos no passado, no presente e
sobre os planos divinos para o futuro. Testemunhar é, também, uma oportunidade
que Deus oferece para as pessoas; sobretudo, um privilégio de poder cooperar
com Ele no resgate da ‘ovelha perdida’. Significa dizer que a pessoa conhece
Jesus Cristo ‘pessoalmente’, porque passa tempo com Ele.
Uma coisa é dizer o que Jesus
fez na vida de alguém. Outra coisa bem diferente e mais impactante é quando o
próprio beneficiário do milagre conta sua experiência. Seria bom que não
tivéssemos certas histórias para contar. Porém, o milagre de Deus alcança
pessoas inimagináveis como o Apóstolo Paulo numa estrada indo para a cidade de
Damasco quando tinha a intenção de perseguir os cristãos. Foi um momento
sobrenatural. Nem sempre Deus age de maneira dramática. É mais comum ver nas
pessoas um senso de reconhecimento da graça do Pai, compreensão de seu imenso amor
e gratidão pelo perdão dos pecados.
Na igreja primitiva do tempo
dos Apóstolos, cada membro tinha sua própria história para contar. Os irmãos
Tiago e João tiveram o temperamento explosivo transformado pelo amor. Pedro, de
rude pescador, passou a ser um grande orador e líder da igreja. Tomé contava
que de cético adquiriu fé. O perseguidor Paulo de Tarso falava sempre do diálogo
que teve com Cristo na estrada de Damasco. Assim, a testemunha só pode falar do
que viu, ouviu, conheceu ou experimentou.
Certa vez Jesus foi a uma
região chamada de Decápolis às margens do Mar da Galileia e ao descer do barco
deu de cara com uma pessoa que se cortava, era agressiva, vivia andando nas
madrugadas em cemitérios; estava presa espiritualmente. Era uma figura bem
conhecida na cidade. No encontro com Jesus, o moço teve sua vida transformada,
da mesma maneira que Paulo. Depois de sua restauração física, emocional e
espiritualmente, o rapaz pediu para seguir Jesus Cristo. Contudo, o Mestre disse
para ele voltar para casa com o objetivo de testemunhar sobre o milagre
em sua vida. Era a pessoa mais indicada a falar do amor libertador do Pai
Celeste. O Apóstolo Paulo e esse rapaz da terra dos gerasenos tinham as
próprias histórias para contar.
Ellen White escreveu: “Deus
poderia ter realizado seu plano de salvar pecadores sem o nosso auxílio; mas,
para desenvolvermos caráter semelhante ao de Cristo, precisamos partilhar de
sua obra” (O Desejado de todas as nações, página 142, Ed. CPB). Cristo disse à
mulher samaritana no poço de Jacó, que testemunhar é fruição de água viva do
interior. É um modo de cooperar nos planos de Deus. O testemunho pessoal
favorece o crescimento, coloca o pecador em contato com o coração de Deus numa
resposta de obediência ao Salvador; além de ser um ato de amor pelo semelhante.
Por essa razão, testemunhar
não pode ser o ato de convencer uma pessoa das doutrinas da igreja. Deus não
precisa de advogados. O testemunho mais eficaz é uma vida transformada. Para
isso, não carece ser uma pessoa com formação acadêmica ou eloquência, mas quem
experimentou do amor de Deus na própria vida; sem com isso, desprezar a
utilidade daqueles dons se bem empregados.
Diariamente, Deus oferece
oportunidades de compartilhar sobre o amor, a misericórdia, a paciência e o perdão
recebidos Dele. Com esse mesmo sentimento no coração, é preciso olhar para as
pessoas com as lentes do céu, sem importar quem elas são, mas quem poderão ser
com Cristo. Nas palavras de Ellen White, “Ninguém caiu tão fundo, nem é tão
mau, que não possa encontrar libertação em Cristo” (O Desejado de todas as
nações, página 258, CPB).
É função da testemunha levar
as pessoas a Cristo. Nos muitos milagres realizados por Jesus foram os amigos e
parentes que levaram o necessitado para que fosse curado, tal qual aconteceu na
passagem do Evangelho de Lucas 5:19, quando quatro amigos desceram uma maca
pelo telhado de uma casa para Jesus curar um paralítico. Isso foi reputado como
ato de fé dos amigos do paralítico.
A primeira pessoa com quem
André, o discípulo de Cristo, compartilhou as boas-novas foi seu irmão Pedro. O
testemunho mais importante que alguém poderá dar é a amizade, carinho, amor,
compreensão, respeito por seus parentes, justamente, as pessoas mais próximas
com quem convive no dia a dia. Se o relacionamento com o cônjuge, com os filhos
ou com os pais era meio azedo, o melhor testemunho em favor de Cristo é desenvolver
relacionamentos saudáveis na família. Cada pessoa é uma propaganda viva do
Evangelho. Um outdoor ambulante. É em casa que de fato nos revelamos.
Obviamente, é sempre desafiador
lidar com pessoas difíceis. O olhar para elas deverá mirar no potencial de cada
uma, nas qualidades, no que elas poderão vir a ser, desfocando dos problemas,
porque “Deus não nos fez perfeitos e não escolhe os capacitados, capacita os
escolhidos” (Albert Einstein).
(Baseado na Lição da Escola
Sabatina do terceiro trimestre de 2020: Fazendo amigos para Deus, a alegria de
participar de sua missão, Ed. CPB).