16 agosto 2020

Profetas Verdadeiros e Falsos

Não há o que fazer com relação ao ‘profeta falso’. Ele existe hoje, assim como em tempos remotos. Quando aparecia um ‘profeta verdadeiro’, ao lado dele estava um falso profeta. Na verdade, os dois são verdadeiros porque coexistem simultaneamente. São extremos; como se fosse uma paridade de armas no mundo espiritual reivindicada pelo inimigo de Deus. Alguém poderá imaginar que esse equilíbrio seja bom. Não é. Há uma guerra nas alturas celestes invisível aos olhos físicos. Guerra é guerra. Quem entra numa guerra vai para vencer e não para equilibrar. A igualdade significa alguma fraqueza dos dois lados, já que o mais forte não tem interesse nem na paz, nem no equilíbrio, mas na vitória.

A mencionada guerra é entre Deus, o Criador Soberano do universo, e uma de suas criaturas, que lançou dúvida sobre o caráter e a palavra do Eterno. Diante da dúvida suscitada, a opção mais sensata foi a de deixar o caráter da oposição se desenvolver. Ninguém melhor que os humanos, que sentem na pele a dor, para explicar a natureza repulsiva do mal.

Por que Deus na sua onisciência não destruiu o personagem do mal no nascedouro e preferiu deixá-lo se desenvolver, sabendo de suas nefastas consequências? Deus sabia dos resultados, mas os outros seres do universo não conheciam o caráter do mal. Se o poder do Soberano houvesse destruído, justificando evitar as desgraças futuras, certamente, seria muito temido pelo seu poder, tendo em vista que não toleraria qualquer tipo de divergência. A dúvida permaneceria eternamente. Nenhum maluco ousaria questionar a palavra do Senhor. A onisciência não foi evocada para destruir. Em vez disso, escolheu o amor ao se oferecer numa cruz, depois de se reduzir à humanidade. Cristo na cruz é o amor de Deus exposto ao universo. Jesus Cristo veio para desfazer as obras do diabo, disse o Apóstolo São João (1 João 3:8).

De todos os mundos habitados, o anjo caído conseguiu guarida no planeta Terra. Aqui ele inaugurou seu reino, cujos fundamentos são a mentira, a violência, a infidelidade, o ódio etc. Quem se rebela contra esses princípios se torna um corpo estranho no mundo do inimigo de Deus.

Quando Jesus Cristo contou a parábola do semeador, estava descrevendo o que fez no reino das trevas: plantou sementes estranhas, diferentes das que existiam. A plantação é majoritariamente de joio. O trigo é exceção. Aqui a regra é o mal. O reino é de satanás. Quem pensa diferente pode ser um revoltado com as injustiças terrenas, ou é um espião de Deus infiltrado. Esses espiões são os profetas de fato verdadeiros, do nosso ponto de vista.

O embate entre profetas é antigo. Jeremias teve um confronto com Hananias (Jeremias 28). Micaías com Zedequias (1Reis 22). Paulo e Elimas (Atos 13:8), dentre muitos outros. Os debatedores sabem a quem serve. Ocorre que é desafiador para os discípulos de Cristo identificarem quem enviou determinada mensagem profética.

Como identificar um profeta? Vejamos alguns pontos. A primeira regra foi escrita por Isaías, profeta de Deus (8:20, NAA): “À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, jamais verão a luz do alvorecer.” O profeta verdadeiro segue, fielmente, a lei de Deus e vive segundo essa lei. Ele obedece ao que está escrito na bíblia, sem ficar inventando desculpas como: ‘essa parte da bíblia foi abolida; estou debaixo da graça e não da lei; o importante é entregar o coração’. Essas e outras desculpas não fazem parte do vocabulário do profeta verdadeiro. Ele obedece a palavra de Deus sem questionar e pronto. Não procura desculpas ou atalhos para facilitar o percurso. Veja, por exemplo, a história de um profeta que está escrita em 1 Reis capítulo 13.

Em segundo lugar, há que se esperar o cumprimento da predição do profeta. Se o que ele disse no passado se cumpre no futuro, então esse profeta é de Deus.

Terceiro, dificilmente as predições são de paz. Via de regra a mensagem é de reprovação dos pecados, juízo iminente, destruição, desgraça, morte. Se for algo diferente disso, é melhor desconfiar. Pode ser mensageiro do lado inimigo. A melhor arma deste é o engano. “Há muitos falsos profetas em nossos dias, os quais o pecado não parece especialmente repulsivo. Eles se queixam de que a paz do povo é desnecessariamente perturbada pelas reprovações e advertências dos mensageiros de Deus. Quanto a eles, embalam a alma dos pecadores em uma passividade fatal com seus ensinos suaves e enganos. O antigo Israel foi assim seduzido pelas mensagens lisonjeiras dos sacerdotes corruptos. A predição de prosperidade deles era mais agradável do que o verdadeiro profeta, que recomendava arrependimento e submissão.” (Ellen White, Testemunhos Seletos, vol. 4, capítulo 17, edição eletrônica, aplicativo EGW, Ed. CPB).

O que fazer ao reconhecer um profeta falso? Ignore-o. Não merece crédito. Não tenha medo dele. Mas fique atento que você poderá ser chamado por Deus para ser espião neste reino de satanás. Quando perceber o chamado celeste para ser profeta saiba de sua responsabilidade. Obedeça à palavra de Deus sem fazer perguntas. Transmita a mensagem. Acredite, os profetas do inimigo são eficientes, dedicados em seu serviço. Seja responsável, abnegado, eficiente, ao ponto de ariscar a própria vida na missão. Estamos no terreno do inimigo. Vigilância constante. “O presente dever de todo verdadeiro filho de Deus é aguardar pacientemente, vigiar atentamente e trabalhar fielmente até a vinda do Senhor, para que estejamos preparados para esse solene evento” (Ellen White, General Conference Bulletin, 4º trimestre de 1896, pág. 764).

Não gaste sua energia combatendo falsos profetas. Veja a recomendação de São Paulo a Timóteo (2 Timóteo 4:2 NAA): “… peço a você com insistência que pregue a palavra, insista, quer seja oportuno, quer não, corrija, repreenda, exorte com toda paciência e doutrina. Pois virá o tempo em que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, se rodearão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos. Eles se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas. Mas você seja sóbrio em todas as coisas, suporte as aflições, faça o trabalho de um evangelista, cumpra plenamente o seu ministério”.

09 agosto 2020

Delação premiada

O instituto da delação premiada ganhou forma no Brasil por meio da Lei 12.850/13. Consiste, basicamente, na colaboração de um criminoso quando fornece detalhes que levariam ao esclarecimento de atos ilícitos e identificação dos parceiros de crime. O delator receberá, em contrapartida, alguns benefícios, como por exemplo, mudança da pena de um regime mais rígido por outro mais benéfico. A Lei pretende esclarecer crimes de organização criminosa contra o sistema financeiro, dentre outros. Esse instituto foi muito eficiente na investigação da “Operação Lava Jato”. A corrupção foi um capítulo vergonhoso da história brasileira, que tirou a esperança, o sonho, a força do trabalho, a dignidade do povo…

Mais do que vergonhoso, o Estado estava apodrecido pela corrupção. Ela era generalizada nos poderes da República. Muitos líderes políticos, empresários, servidores públicos do alto escalão, que deveriam zelar pela justiça, verdade, correção, probidade, participavam como parasitas sugando as energias vitais do país. Não há palavras que possam descrever ou explicar o fundo do poço da moralidade daqueles que destruíam os pilares de nossa sociedade. Até quem deveria proteger os valores consolidados e princípios estava em coautoria nos atos ilícitos. Felizmente, parte dos escândalos foi descortinada como que por ação divina. Só pode. O dinheiro comprava o silêncio de cumplicidade institucionalmente generalizado. Acontece que o grupo dos gananciosos sempre aumenta; e como a ganância é ilimitada, o cofre não suportaria tanto saque. O resultado parcial é que o país está desacreditado, ainda sangrando, cambaleante, sentindo as dores de tanta maldade de gente suja. É, tem muita gente indigna da vida que recebeu, mesmo!

Se houve quem fechou os olhos quando via o que deveria combater, pode até escapar do julgamento dos tribunais humanos, contudo, prestará contas à própria consciência, e no fim de tudo para Deus. Do tribunal celeste é impossível escapar. Ali cada um terá um encontro consigo mesmo numa prestação de contas. Como uma pessoa poderá mentir para si mesma? É por isso que cada um saberá os motivos da própria condenação.

Do mesmo modo quando o delator resolve aderir aos termos da delação no processo penal, assim também, Deus, em seu infinito amor, oferece deleção premiada para os criminosos do pecado. Quem está em liberdade dificilmente fará acordo com a justiça. Tentará silenciar testemunhas, destruir provas, corromper etc. Contudo, parece que a reflexão floresce na cadeia. Algumas pessoas estão afundadas pelo pecado, que de sua prisão, arrependem do mau caminho. O arrependimento é o primeiro passo para assinar o termo de delação premiada no tribunal do céu. Ainda se ouve a voz do Apóstolo Pedro pregando numa praça pública em Jerusalém com energia (Atos 3:19): “Arrependam-se, pois, e voltem-se para Deus para que os seus pecados sejam cancelados”.

O segundo passo para o Juiz Celeste homologar as condições da delação é a confissão. Dizer os detalhes do crime. Especificar o pecado. Não vale dizer: ‘Senhor, perdoa os meus pecados’. Nada disso. É preciso nomear as condutas uma por uma. Confessar os pecados para Deus é dizer quando, com quem, onde, o porquê, pedir perdão para o céu e para as pessoas, identificar os estragos e reparar os prejuízos. Genericamente não vale. A conduta deve ser especificada, apresentar provas, identificar os autores do delito e condições para desbaratar a organização criminosa.

Depois do arrependimento e da confissão o apóstolo Pedro chama o perdido para voltar-se para Deus. Conversão é sair do mau caminho. Mudar de direção. Abandonar o pecado e estar disposto a pagar o preço do novo caminho.

Por fim, o Advogado é parte fundamental nesse processo. Ele precisa conhecer as condições da deleção premiada cujas bases estão delineadas na Lei 12.850/13 para assessorar bem seu cliente. Jesus Cristo anda por ruas e praças oferecendo seu cartão de visita para advogar gratuitamente pelos pecadores. Aproveita enquanto dá tempo, manda um e-mail, SMS, telefona para o número que está no cartão de visita, faz uma oração, clame. Ele conhece bem a lei dos dez mandamentos que servirá de padrão no julgamento final deste mundo. Afinal de contas Ele tem doutorado em resolver pecados humanos pela universidade da galáxia de Andrômeda. É a mais próxima daqui: 2,5 milhões de anos-luz. Para dizer a verdade é o único advogado. É pegar ou largar. Quer um conselho? Se for o seu caso, deixe essa vida de pecado e siga ‘o caminho, a verdade e a vida’.

02 agosto 2020

Missão impossível

Uma boa assessoria é importante para alcançar sucesso num empreendimento qualquer. Ter profissionais qualificados nas diversas áreas envolvidas no projeto, seja na parte jurídica, contábil, administrativa, de marketing, além de alguém que conheça os códigos da linguagem é o básico. Um bom planejamento e uma boa assessoria é fundamental para o possível sucesso.

Quando lia a ordem de Jesus Cristo a seus discípulos de ‘ir por todo o mundo, pregar o Evangelho, batizar, fazer discípulos’, parecia ser uma missão impossível. A assessoria de Jesus era pouco qualificada. O mais instruído saiu da equipe. Tinha gente ali que não sabia fazer um ‘O’ com o fundo de um copo. Mateus, talvez, fosse o melhor em matemática. Os outros falavam mal o idioma local. Eram poucos e com recursos financeiros limitados para bancar uma viagem curta, quanto mais para obedecer à ordem de ‘ir por todo o mundo’.

De fato, era uma missão impossível para aqueles discípulos, como também, é para qualquer equipe preparada de hoje. Deus espera que tenhamos a disposição de ir, tão somente isso. A missão era e continua sendo do Espírito Santo. Somos apenas testemunhas.

O livro de Atos dos Apóstolos bem que poderia ser chamado de Atos do Espírito Santo. No capítulo 8:29 encontramos a seguinte frase: “… disse o Espírito Santo a Felipe.” Em outro texto, “…pareceu bem ao Espírito Santo…” (Atos 15:28). E mais outro, “tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de pregar a palavra na Ásia…” (Atos 16:6). Era o cumprimento da palavra de Cristo quando disse que enviaria o Espírito Santo para ensinar todas as coisas (João 14:26). O Espírito Santo seria o professor, o guia, o pregador.

É papel exclusivo do Espírito de Deus converter o pecador de seu mau caminho. A parte humana é ir testemunhar sobre a mudança operada na própria vida. Dentre as funções do Espírito Santo estão a de capacitar para testemunhar, guiar, preparar e abrir portas. É importante saber que foi o Espírito Santo quem inspirou o texto da bíblia. Por isso, somente Ele poderá fazer alguém entender o mesmo texto, porque o poder está na bíblia e não em nossa argumentação ou capacidade teológica.

Que tenhamos o privilégio de cooperar com o Ministério do Espírito Santo de salvar perdidos para Cristo com nosso testemunho. (Baseado na Lição da Escola Sabatina Fazendo amigos para Deus, A alegria de participar de Sua Missão, CPB, 2020).