Não há o que fazer com relação ao ‘profeta falso’. Ele existe hoje, assim como em tempos remotos. Quando aparecia um ‘profeta verdadeiro’, ao lado dele estava um falso profeta. Na verdade, os dois são verdadeiros porque coexistem simultaneamente. São extremos; como se fosse uma paridade de armas no mundo espiritual reivindicada pelo inimigo de Deus. Alguém poderá imaginar que esse equilíbrio seja bom. Não é. Há uma guerra nas alturas celestes invisível aos olhos físicos. Guerra é guerra. Quem entra numa guerra vai para vencer e não para equilibrar. A igualdade significa alguma fraqueza dos dois lados, já que o mais forte não tem interesse nem na paz, nem no equilíbrio, mas na vitória.
A mencionada guerra é entre Deus, o Criador Soberano do
universo, e uma de suas criaturas, que lançou dúvida sobre o caráter e a
palavra do Eterno. Diante da dúvida suscitada, a opção mais sensata foi a de
deixar o caráter da oposição se desenvolver. Ninguém melhor que os humanos, que
sentem na pele a dor, para explicar a natureza repulsiva do mal.
Por que Deus na sua onisciência não destruiu o personagem do
mal no nascedouro e preferiu deixá-lo se desenvolver, sabendo de suas nefastas
consequências? Deus sabia dos resultados, mas os outros seres do universo não
conheciam o caráter do mal. Se o poder do Soberano houvesse destruído,
justificando evitar as desgraças futuras, certamente, seria muito temido pelo
seu poder, tendo em vista que não toleraria qualquer tipo de divergência. A
dúvida permaneceria eternamente. Nenhum maluco ousaria questionar a palavra do Senhor.
A onisciência não foi evocada para destruir. Em vez disso, escolheu o amor ao
se oferecer numa cruz, depois de se reduzir à humanidade. Cristo na cruz é o amor
de Deus exposto ao universo. Jesus Cristo veio para desfazer as obras do diabo,
disse o Apóstolo São João (1 João 3:8).
De todos os mundos habitados, o anjo caído conseguiu guarida
no planeta Terra. Aqui ele inaugurou seu reino, cujos fundamentos são a mentira, a
violência, a infidelidade, o ódio etc. Quem se rebela contra esses princípios
se torna um corpo estranho no mundo do inimigo de Deus.
Quando Jesus Cristo contou a parábola do semeador, estava
descrevendo o que fez no reino das trevas: plantou sementes estranhas,
diferentes das que existiam. A plantação é majoritariamente de joio. O trigo é
exceção. Aqui a regra é o mal. O reino é de satanás. Quem pensa diferente pode
ser um revoltado com as injustiças terrenas, ou é um espião de Deus infiltrado.
Esses espiões são os profetas de fato verdadeiros, do nosso ponto de vista.
O embate entre profetas é antigo. Jeremias teve um confronto
com Hananias (Jeremias 28). Micaías com Zedequias (1Reis 22). Paulo e Elimas
(Atos 13:8), dentre muitos outros. Os debatedores sabem a quem serve. Ocorre
que é desafiador para os discípulos de Cristo identificarem quem enviou determinada mensagem profética.
Como identificar um profeta? Vejamos alguns
pontos. A primeira regra foi escrita por Isaías, profeta de Deus (8:20, NAA):
“À lei e ao testemunho! Se eles não falarem segundo esta palavra, jamais verão
a luz do alvorecer.” O profeta verdadeiro segue, fielmente, a lei de Deus e
vive segundo essa lei. Ele obedece ao que está escrito na bíblia, sem ficar
inventando desculpas como: ‘essa parte da bíblia foi abolida; estou debaixo da
graça e não da lei; o importante é entregar o coração’. Essas e outras
desculpas não fazem parte do vocabulário do profeta verdadeiro. Ele obedece a
palavra de Deus sem questionar e pronto. Não procura desculpas ou atalhos para
facilitar o percurso. Veja, por exemplo, a história de um profeta que está escrita em 1 Reis capítulo 13.
Em segundo lugar, há que se esperar o cumprimento da
predição do profeta. Se o que ele disse no passado se cumpre no futuro, então
esse profeta é de Deus.
Terceiro, dificilmente as predições são de paz. Via de regra
a mensagem é de reprovação dos pecados, juízo iminente, destruição, desgraça,
morte. Se for algo diferente disso, é melhor desconfiar. Pode ser mensageiro do
lado inimigo. A melhor arma deste é o engano. “Há muitos falsos profetas em
nossos dias, os quais o pecado não parece especialmente repulsivo. Eles se
queixam de que a paz do povo é desnecessariamente perturbada pelas reprovações
e advertências dos mensageiros de Deus. Quanto a eles, embalam a alma dos
pecadores em uma passividade fatal com seus ensinos suaves e enganos. O antigo
Israel foi assim seduzido pelas mensagens lisonjeiras dos sacerdotes corruptos.
A predição de prosperidade deles era mais agradável do que o verdadeiro
profeta, que recomendava arrependimento e submissão.” (Ellen White, Testemunhos
Seletos, vol. 4, capítulo 17, edição eletrônica, aplicativo EGW, Ed. CPB).
O que fazer ao reconhecer um profeta falso? Ignore-o. Não
merece crédito. Não tenha medo dele. Mas fique atento que você poderá ser
chamado por Deus para ser espião neste reino de satanás. Quando perceber o
chamado celeste para ser profeta saiba de sua responsabilidade. Obedeça à
palavra de Deus sem fazer perguntas. Transmita a mensagem. Acredite, os
profetas do inimigo são eficientes, dedicados em seu serviço. Seja responsável,
abnegado, eficiente, ao ponto de ariscar a própria vida na missão. Estamos no terreno
do inimigo. Vigilância constante. “O presente dever de todo verdadeiro filho de
Deus é aguardar pacientemente, vigiar atentamente e trabalhar fielmente até a
vinda do Senhor, para que estejamos preparados para esse solene evento” (Ellen
White, General Conference Bulletin, 4º trimestre de 1896, pág. 764).
Não gaste sua energia combatendo falsos profetas. Veja a
recomendação de São Paulo a Timóteo (2 Timóteo 4:2 NAA): “… peço a você com
insistência que pregue a palavra, insista, quer seja oportuno, quer não,
corrija, repreenda, exorte com toda paciência e doutrina. Pois virá o tempo em
que não suportarão a sã doutrina; pelo contrário, se rodearão de mestres
segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo coceira nos ouvidos. Eles
se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando-se às fábulas. Mas você seja
sóbrio em todas as coisas, suporte as aflições, faça o trabalho de um
evangelista, cumpra plenamente o seu ministério”.