22 junho 2020

O Espírito Santo e o selo de Deus no livro do Apocalipse

O Apocalipse é um livro de esperança

João Evangelista

João Evangelista foi o escritor do livro Apocalipse. Ele era um dos doze Apóstolos de Jesus e escreveu três Cartas às igrejas de sua época, além de um dos quatro Evangelhos. Possivelmente, seria o mais novo dos 12 discípulos. Tinha por volta de vinte anos ao receber o chamado de Jesus.

Talvez fosse solteiro e vivesse com seus pais na cidade de Betsaida. A cidade ficava a 130 Km de Jerusalém. Ele era pescador. Trabalhava com seu irmão Tiago em provável sociedade com André e Pedro. Foi chamado de “filho do trovão” devido ao temperamento explosivo. Mais tarde, virou o “discípulo amado” pela mudança do Espírito Santo. A mãe de João e Tiago foi pretensiosa ao pedir que os filhos se sentassem à direita e à esquerda de Jesus no céu. João sempre esteve ao lado de Jesus até o último momento. Ele recebeu a missão de cuidar de Maria, a mãe de Jesus Cristo.

Em algum momento de sua vida, João esteve exilado na ilha de Patmos. Ali, ele escreveu o Apocalipse. Foi um teólogo importante da incipiente igreja cristã. Morreu de morte natural aos 94 anos, em Éfeso. Isso aconteceu no ano 100, aproximadamente. (Wikipedia).

Parafraseando Jesus Cristo, o livro do Apocalipse traz boas promessas, com bênçãos para os pacificadores, para aqueles que têm fome e sede de justiça, para os que são limpos de coração; por fim, para aqueles que verão a Deus.

A decisão final é sobre adoração

O autor do Apocalipse revela fatos históricos importantes ao longo dos séculos. Ele descreve dois grupos de pessoas, protagonistas dos eventos finais deste mundo. Todos receberão um sinal de pertencimento, que caracterizará um e outro grupo por causa de suas ações, que definirá seus destinos para sempre. As informações disponíveis são suficientes para se posicionar diante do cenário porvir. De um lado ou de outro, todos conhecerão as condições e as regras do próprio julgamento. No fim, a decisão é sobre adoração.

Os lados opostos que nunca se atraem

Em breve, os habitantes da Terra estarão divididos em dois lados bem distintos. Uns viverão sem propósito, entregues a si mesmos. Julgando-se autossuficientes, donos de si, buscam o prazer. Por desconhecerem como seria uma vida dedicada a Deus, eles dirão frases como: “Meu corpo, minhas regras”: expressão típica de quem foca projetos apenas na existência atual. Outros entenderão que detêm o próprio destino. Não renunciarão suas escolhas. Nessa linha de pensamento, o corpo é uma propriedade pessoal e fazem com ele o que desejam.

O apóstolo Paulo, em 2 Timóteo 3:1-4, advertiu: “Tempos difíceis vêm por aí. À medida que o fim se aproxima, os homens vão se tornando egocêntricos, loucos por dinheiro, fanfarrões, arrogantes, profanos, sem respeitos para com os pais, cruéis, grosseiros, interesseiros, sem escrúpulos, irredutíveis, caluniadores, sem autocontrole, selvagens, cínicos, traiçoeiros, impiedosos, vazios, viciados em sexo e alérgicos a Deus” (Bíblia A Mensagem, Eugene Peterson). Esses são os frutos do pecado. A descrição é perfeita para o tempo atual. Tais pessoas, iniciam como adoradoras de si mesmas para depois adorarem algo ou alguém superior.

O apóstolo Pedro (2 Pedro 3:3) previu a mesma situação. Ele disse: “… nos últimos dias surgirão escarnecedores anunciando suas zombarias e seguindo suas próprias paixões.” O Espírito Santo inspirou todos os autores do texto bíblico para escrever com precisão os acontecimentos que já presenciamos em parte. O caráter profético do texto bíblico, ao antever o futuro, dá credibilidade ao livro sagrado. Mais que isso, apresenta a todos a possibilidade da escolha, dada a clareza dos fatos.

O outro lado vive o projeto sonhado por Deus. A pessoa abre mão de seus planos para seguir o Espírito Santo. A obediência leva ao amor, alegria, paz, paciência, retidão, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio. Estes são os frutos do Espírito, descritos na Carta de Paulo aos Gálatas (5:22). A felicidade dessas pessoas reside no privilégio de participar do propósito divino. Elas reconhecem o corpo como templo do Espírito Santo. Seguem as regras de Deus para o cuidado dele, conforme a bíblia.

O próprio Jesus Cristo falou dessa divisão das pessoas em dois grupos. Os Apóstolos Mateus (25:34) e João (Apocalipse capítulos 7 e 13) descreveram a situação por ângulos diferentes. Jesus disse: “Então dirá o Rei a todos que estiverem à sua direita: ‘Vinde, abençoados de meu Pai! Recebei como herança o Reino, o qual vos foi preparado desde a fundação do mundo’”. E acrescentou: “Mas o rei ordenará aos que estiverem à sua esquerda: Malditos! Apartai-vos de mim. Ide para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos”.

Para distinguir os dois grupos, o discípulo amado diz que pessoas serão marcadas em suas testas. Receber um sinal de Deus é bom. Quem são as pessoas marcadas? Que marca é esta e por que na testa? O autor do Apocalipse dá as respostas.

O ser humano foi criado à imagem de Deus

Antes de falar da marca de Deus, entenda a intenção original do Criador. A bíblia descreve no livro de Gênesis (1:26) os detalhes finais do projeto divino. No sexto dia, após criar os céus e Terra, Deus falou: “Façamos o homem a nossa imagem, conforme a nossa semelhança”.

No princípio, Deus criou o ser humano à sua imagem. Éramos belos. Nossa identidade moral igualava a de Deus. O pecado fez a separação do Pai. Assim, perdemos o brilho de sua luz. Desde o começo, surgiram muitas confusões. Na época de Adão e Eva, terceiros entraram no casamento. Aconteceu, também, briga entre irmãos, e outros assuntos tristes que desestruturaram a família. Mas, a esperança existe. O Apocalipse promete dias melhores. A salvação chegou. A restauração virá.

O casal refletia o brilho de Deus. Contudo, ficaram insatisfeitos com o propósito de divino em suas vidas. O homem e a mulher imaginaram ser iguais ao Pai. O anseio por liberdade e o desejo sem controle geraram insubordinação. Eles deixaram a presença de Deus. Distantes do Criador, perderam o brilho da luz. A imagem dele ofuscou-se. A luz se apagou por completo, até a morte de ambos.

Hoje, o caráter do Pai Celeste não é visto na humanidade. Esta perdeu a semelhança do Criador. Os atributos santos eram desconhecidos. Mas isso mudou com a vinda de Jesus Cristo. Ele veio para revelar o plano de Deus: restaurar a semelhança com o Pai. A esperança reside na atuação do Espírito para imprimir a semelhança divina em seus filhos. A escritora Ellen White (O Desejado de Todas as Nações, capítulo 52, Ed. CPB) escreveu: “Cristo veio para restaurar na humanidade a imagem divina”. Que notícia excelente!

Jesus Cristo é a imagem de Deus

Jesus Cristo dizia ser Deus: “Quem me vê, vê o Pai” (João 14:9). Ele chamava pessoas para segui-lo e as incentivava: “Sejam luzes, brilhem!” (Mateus 5:14). Jesus Cristo religa a humanidade à luz divina. Suas palavras são claras: “Eu sou o Caminho” (João 14:6). Assim, a imagem do Criador deve refletir-se em cada pessoa, por meio dele. A imagem de Deus é Seu caráter e Sua essência.

O projeto Divino executado-se em fases. Na primeira, Cristo nasceu entre nós. Ele deixou o exemplo de como dispor o coração para conhecer, viver e ensinar os atributos divinos. Isso serve para quem tem sede de justiça e busca a verdade como um tesouro.

A ascensão de Jesus Cristo ao céu foi necessária. Esta ação indicou outra fase do projeto de Deus. Lá, Cristo exerce a função mediadora, enquanto o Espírito Santo atua nas pessoas. É um trabalho de equipe competente, com currículo invejável. Cristo deu o recado: “Virá o Consolador, o Espírito da Verdade” (João 14:26).

O Consolador se apresentou aos Apóstolos no dia de Pentecostes com o objetivo de restaurar os dons de Deus na humanidade caída. Todos os dias, Ele trabalha com amor e paciência. O objetivo é convencer do pecado, da justiça, do juízo. Convida à vida pautada na verdade, e alertar: “haverá um juízo!” (João 16:8).

Alguns captam melhor a Luz Divina. O Apóstolo Paulo, um deles, escreveu (cerca de 57 d.C): “… o fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio” (Gálatas 5:22). Viver esses frutos é permitir à Luz divina penetrar a escuridão do pecado. Essa Luz “brilha mais e mais até ser dia perfeito” (Provérbios 4:18).

O que é o selo de Deus?

É importante saber que no fim, Deus selará a testa de seus filhos. Que selo é esse? Como recebê-lo? O selo é a personalidade de Deus nos filhos obedientes. Recebê-lo exige um processo diário e permanente da atuação do Espírito Santo na vida. Paulo ensinou aos Efésios (4:30): "... não entristeçam o Espírito Santo de Deus, no qual vocês foram selados para o dia da redenção". Aos Coríntios (1:21 e 22), ele acrescenta: "Aquele que nos confirma juntamente com vocês em Cristo e que nos ungiu é Deus, que também pôs o seu selo em nós e nos deu o penhor do Espírito Santo em nosso coração".

Na primeira Carta aos Coríntios (4:16), o Apóstolo Paulo nos convida a imitá-lo. Ele mesmo era imitador de Cristo. Cristo dizia que sua vontade era agradar a Deus. O bom filho agrada ao Pai pela obediência. A imitação mútua de boas ações é o resultado. Isso contagia a coletividade com bons propósitos. Devemos praticar boas ações para com o próximo, indistintamente. Isso é religião. Contudo, a prática de boas ações, por si só, é incapaz de renovar a natureza obscura do pecado. Essa natureza tomou conta do caráter humano. A maldade é evidente. As pessoas mentem, odeiam e desejam vingança. Matam com palavras e ações. A essência do projeto de Deus é esta: retirar a natureza de pecado e preencher o vazio com a natureza divina. Ele fará um novo ser humano. Como disse o profeta Ezequiel (18:31): “um coração novo e um espírito novo”. Segundo o profeta, o coração antigo é de pedra, insensível.

O selo de Deus é uma construção diária, tijolo após tijolo. Edifica-se uma nova identidade, assentada na personalidade de quem vive o propósito celeste. Veja o que escreveu o Apóstolo João. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira…”. Deus ama de forma extraordinária, “de tal maneira” inconcebível, “que deu seu filho único para que todo aquele que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16).

O amor de Deus materializou-se em Jesus Cristo. Ele é nosso substituto do castigo e oferece vida eterna. O amor por Deus concretiza-se na obediência a seus mandamentos. O Apóstolo João escreveu (I João 5:3): “Seus mandamentos não são penosos”. Em seguida, acrescentou: “Se alguém diz: Eu o conheço, mas não obedece a seus mandamentos, é mentiroso e a verdade não está nele. Mas quem obedece à palavra de Deus mostra que o amor que vem dele está aperfeiçoando em sua vida.” (I João 2:4).

O sábado e o selo de Deus

O selo é a personalidade de Deus na humanidade, por meio da atuação diário e permanente do Espírito Santo. Isto permite a luz divina brilhar na vida dos filhos obedientes. Apenas os que estão envolvidos na missão dos três anjos de Apocalipse 14 receberão o selo. O motivo está em Apocalipse 14:12: “Aqui está a perseverança dos santos, os que guardam os mandamentos de Deus e a fé em Jesus”. Esses ‘anjos’ são pessoas que obedecem aos mandamentos de Deus. Dentre eles, está o sábado, esquecido por muitos.

O relato apocalíptico sobre a distinção de personalidades gerou a ideia de um sinal físico, como uma tatuagem na testa ou na mão. Surgiram teorias especulativas sobre esse distintivo, como o código de barras. Depois vieram o chip, cartão de crédito e outras teses inusitadas. A ideia de um sinal físico é descabida.

Ellen White afirmava (Serviço Cristão, capítulo 11, Ed. CPB): a “observância do sábado está ligada com a obra de restaurar a imagem moral de Deus no homem. Este é o ministério que o povo de Deus deve levar avante neste tempo”. A guarda do sábado, como sinal físico, não é em si mesma, o selo de Deus. Da mesma forma, o domingo não será a marca da Besta, como alguns especulam. O selo de Deus é Seu caráter impresso na vida daqueles que vivem o processo de salvação. A marca da Besta é o caráter dela na vida de seus seguidores. Quem é selado pelo Espírito Santo obedece fielmente aos mandamentos de Deus, inclusive o sábado. Nos últimos dias, o sábado será a “pedra de toque” para testar a fidelidade do povo santo. O sábado é valioso somente para o povo de Deus (Ellen White, Testemunhos Seletos, volume 1, capítulo 17, Ed. CPB).

O sábado confirma o sinete celeste. Nele, é possível identificar as credenciais do Criador do céu, da Terra e de todos os seres existentes. A observação do mundo criado é insuficiente para identificar o sábado como sinal divino sem o parâmetro da Bíblia. Deus deu a ordem sabática a Adão, que a passou a Matusalém. Matusalém transmitiu a Sem. O filho de Noé fez a ordem chegar até Moisés por meio de Abraão. Por fim, Moisés escreveu sobre o sábado nos cinco primeiros livros da Bíblica. Deus escolheu a Bíblia para tornar Suas ordens conhecidas. Seu infinito poder colocou o livro sagrado acessível a todos, atualmente, após 3500 anos de história. A leitura da Bíblia revela a vontade de Deus para o sábado.

Em 591 a.C., o profeta Ezequiel escreveu (20:12 e 20) que o sábado era um sinal entre Deus e Seu povo. Os primeiros cristãos obedeceram aos mandamentos de Deus até o século III. Esgotados pelas perseguições romanas, concordaram com as ordens de Constantino, que em 321 d. C. estabeleceu o “dia do sol” (Domingo, Sunday, Sonntag) como feriado civil. Cristãos posteriores ao século III fizeram acordos com Roma por paz. Aceitaram o domingo como dia de culto e, aos poucos, esqueceram o sábado. Em 364 d.C., o Sínodo de Laodiceia confirmou o domingo como dia de celebração religiosa. A conveniência era evidente. Contudo, os cristãos logo perseguiram aqueles de pensamento diferente. Imitaram seus algozes e deixaram de seguir Cristo. Perderam o amor fraternal e adotaram formalidades religiosas fora dos padrões bíblicos.

Na Carta Encíclica Dies Domini, o Papa João Paulo II explica o abandono do sábado pelo domingo. Convenientemente, os primeiros protestantes seguiram a mesma linha. Eles esqueceram o preceito do sábado. O livro de Êxodo (20:8-11) expressa os motivos da obediência sabático de forma cristalina. Quem busca razão para a desobediência não tem desculpa, sob o argumento de que a morte de Cristo na cruz aboliu o decálogo. O curioso é que a suposta abolição só atingiu o quarto mandamento. Todos os nove mandamentos são aceitáveis, exceto o sábado, conforme advogam os defensores da tese da comodidade.

No fim da história, aqueles sem a direção do Espírito Santo estarão em uma multidão perdida, mesmo na prática religiosa. A maioria imporá o domingo como dia de descanso global. Eles promoverão o domingo como símbolo de religiosidade, atenção à família, descanso ecológico e redução da poluição. Nenhum argumento contrário superará esses valores universais defendidos por todos. Dizer que o sábado é importante só porque está escrito na Bíblia será insuficiente para convencer alguém. Líderes religiosos relativizam a Bíblia. Assim, eles encontrarão um domingo para obedecer.

O sábado, por si só, não é o selo de Deus. Contudo, os filhos obedientes, que manifestam o caráter de Cristo, observam esse dia sagrado conforme a Lei de Deus. Quem guarda o sábado tem exata percepção de se transformar, dia após dia, pelo poder do Espírito Santo, em comunhão com o Criador. Essas pessoas ouvem, entendem e obedecem a voz de Deus, pois a salvação veio pelos méritos de Jesus. A obediência à Lei Divina é posterior à salvação operada na cruz. A redenção humana é obra exclusiva do Messias, mas a obediência exige parceria com o Espírito Santo.

O selo de Deus e a marca da Besta

O selo de Deus é uma construção progressiva e ininterrupta que dura a vida toda. Consiste em mudanças diárias. O Espírito Santo de Deus as trabalha em comunhão com a pessoa. O mentiroso adota a verdade. Quem furtava ou roubava, deixa essa prática. O Espírito transforma o caráter.

Por outro lado, a marca da Besta não é um sinal visível, como um CHIP, tatuagem ou código de barras. Ela identifica a pessoa com o caráter do mal. A marca pertence ao sistema de crenças que se opõe a Deus. Isso é imaterial, mas perceptível pelas ações humanas.

O selo de Deus traz o nome de Cristo e de seu Pai na testa dos obedientes aos dez mandamentos (Apocalipse 7:3; 14:1). Os filhos de Deus moram na Terra, mas seus pensamentos, aspirações, desejos, projetos, focam no céu. Os pensamentos e as atitudes de quem possui a personalidade da Besta focam nesta Terra.

Deus prepara um povo para os últimos dias, simbolizado pelos 144 mil (Apocalipse 7:4). O número dos salvos é bem maior. Todavia, somente esse grupo, por sua experiência com Deus, conhece o “cântico novo” (Apocalipse 14:3). Esse povo peculiar manifestará o propósito de Deus na vida e receberá o selo de Deus na testa. A testa, símbolo da razão, representa escolha consciente e livre pela obediência.

Característica do povo de Deus selado: os 144 mil

A característica primordial do povo selado é a perseverança na obediência aos mandamentos de Deus e a fé em Jesus Cristo. Sua fidelidade se manifesta em seguir o Cordeiro aonde Ele for.

A segunda característica é: “não teve relações com mulheres”. A Bíblia não se refere a relações sexuais, pois os patriarcas se casaram. Se eles não fossem salvos, a pretensão da vida eterna seria vã. No Apocalipse, “mulher” representa um sistema de crenças. O plural “mulheres” indica as filhas de Babilônia. Elas ensinam doutrinas contrárias à Bíblia. Babilônia simboliza o sistema religioso de confusão que imperará nos últimos dias.

A terceira característica dos salvos é: eles foram “comprados com o sangue do cordeiro”, Jesus Cristo. A morte de Jesus é o único meio de redenção humana. A vida eterna é alcançada pela aceitação de Seu sacrifício.

Quarta característica, “não se achou mentira em sua boca”. Cristo é a verdade, e o inimigo é o pai da mentira. Quem mente e quem fala a verdade possui, portanto, pais espirituais diferentes. A mentira destrói amizades, vínculos conjugais e paternos. Relacionamento saudável é impossível onde ela prevalece. É imperativo viver a verdade, independentemente das consequências. O Apóstolo Paulo afirmou (2 Tessalonicenses 2) quem ama a verdade não será enganado.

Quinta característica dos 144 mil: irrepreensíveis, decididos mesmo diante da morte. A graça de Cristo os salva, sem mérito próprio ou esforços pessoais para alcançar a salvação. Chegarão ao céu unicamente pelos méritos de Jesus. Serão imperfeitos até o dia da volta de Jesus, quando serão transformados. Paulo escreveu (I Coríntios 15:52): “…num abrir e fechar de olhos … transformados”. Os vivos serão transformados; os mortos em Cristo, ressuscitados.

Deus conta com todos

Obedecer, contudo, é apenas o ponto de partida. Precisamos de mais: é necessário trabalhar ativamente para o sucesso do empreendimento do Mestre. Conforme “O Desejado de Todas as Nações” (p. 195), “Todo verdadeiro discípulo nasce no reino de Deus como missionário. Aquele que bebe da água viva, faz-se fonte de vida. O depositário torna-se doador. A graça de Cristo no coração é uma vertente no deserto, fluindo para refrigério de todos, e tornando os que estão prestes a perecer, ansiosos de beber da água da vida”. Jesus reforça a missão (Mateus 28): “Ide por todo o mundo e anunciai o Evangelho”, e no apelo por ajuda: “A ceara é grande e poucos são os trabalhadores” (Lucas 10:2).

Apocalipse 14 descreve três anjos voando pelo céu. Essa representação, que muitos imaginam ser de seres celestiais alados, na verdade, inclui seres humanos engajados em anunciar a salvação de Jesus Cristo. Ellen White assegura que somos cooperadores de Deus na pregação do Evangelho (Testemunhos Seletos, vol. 2, cap. 36): “Deus realizou sua parte no plano de salvar o homem e convida agora a igreja a colaborar com Ele. De um lado estão o sangue de Cristo, a Palavra da verdade e o Espírito Santo; do outro, as almas que perecem. Cada discípulo de Cristo tem uma parte a desempenhar nesse plano, a fim de induzir os homens a aceitarem as bênçãos que o Céu lhes provê. Façamos uma indagação minuciosa a ver se temos cumprido nossa parte”.

Em outra citação, ela reitera (Minha Consagração Hoje (My life today), zelosos de boas obras, de 2 de agosto de 1952, CPB): “Todos têm seu lugar no plano eterno do céu. Todos devem colaborar com Cristo para a salvação de almas. Tão certo como nos está preparado um lugar nas mansões celestes, há também um lugar designado aqui na Terra, onde devemos trabalhar para Deus”.

Os humanos são esses anjos de Deus. Deus conta com todos para anunciar a salvação em Jesus Cristo. Embora os anjos literais possam realizar esta missão, ela é um dever e um privilégio para o participante. Os anjos reais podem e sempre ajudarão. O maior beneficiário é quem participa da missão, que terá a fé fortalecida ao ver a atuação de Deus na vida das pessoas.

O recado de Deus (Isaias 6:8) nos interpela: “A quem enviarei e quem há de ir por nós?”. O sal da Terra e a luz do mundo são agentes de Deus. Eles influenciam positivamente. O Pai Celeste aguarda pacientemente por todos para anunciar o juízo vindouro.

Conclusão

O Apocalipse revela esperança para a humanidade caída. Anuncia também o juízo final conforme está escrito: “Temei a Deus e dai-lhe glória, porque é chegada a hora de Seu juízo” (14:7). Haverá uma batalha. De um lado, seres humanos entregues a si mesmos. Espíritos maus os dirigirão em busca de prazer, mentira e violência. Suas vidas refletem o caráter do inimigo. Do outro, estará um povo guiado pelo Espírito Santo produzindo Seus frutos. São os pacificadores que têm fome e sede de justiça. Esses benditos do Pai recebem o selo de Deus em suas testas. O selo é uma construção diária e progressiva, tijolo após tijolo, na personalidade de quem se dispõe a viver o propósito do Senhor.

O selo é a identidade de Deus em Seus filhos obedientes. É o Caráter Divino impresso na vida do salvo, em contraste com o caráter da Besta na vida de seus admiradores. Os selados pelo Espírito Santo obedecem fielmente aos Dez Mandamentos de Deus, inclusive o sábado. No fim dos tempos, o sábado será a ‘pedra de toque’ para testar a fidelidade do povo santo.

Deus conta com todos para anunciar a salvação. Ele sabe que são os maiores beneficiados neste projeto grandioso. Seja a boca de Deus para anunciar a salvação; por isso, da boca só pode sair a verdade.

Para participar dessa aventura que mudará o destino do Universo, o começo é a devoção diária: leitura da Bíblia e oração; são meios eficazes para conhecer a vontade de Deus. O compromisso é diário e constante. A semelhança com o Pai é proporcional ao tempo de comunhão com Ele.

A vontade de Cristo é que o caráter humano imite o Caráter Divino, tal qual era com os primeiros pais na criação. Decida-se hoje. Renove a vida e reflita o Caráter de Cristo.

Que o apelo de Paulo alcance cada pessoa (Romanos 12: 1 e 2): “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos como um sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional; e não vos conformeis com este século, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que proveis qual é a boa, agradável e perfeita vontade de Deus”.