Dizimar é um ato de fé
Hebreus 11:1 /
Malaquias 3:10
Entregar o
controle da vida ao livre arbítrio de Deus abrindo mão de projetos pessoais é
uma atitude de fé, ainda que diante de situações sem a clareza da racionalidade
A jornada da salvação poderia
ser comparada a uma estrada que vai se afunilando quanto mais se aproxima de
seu fim. No percurso, vão-se abandonando coisas superficiais para confiar o
controle da vida nas mãos de Deus num ato de fé. Segundo o escritor da Carta
aos Hebreus, fé é certeza, firme convicção, entrega absoluta de tudo para o
Senhor.
Confiar as aspirações aos
ditames de Deus é um desafio para os gigantes da fé, considerando que Deus não
fala pessoalmente com os humanos, e o guia da fé é a bíblia que foi escrita há
3.500 anos. Dando importância à advertência bíblica de que “fé sem obra é
morta”, o dízimo poderá ser a materialização de confiança total no Senhor. Essa
fé é dom de Deus. Ela é como uma semente lançada pelo Semeador no solo do
coração humano, que regada com oração, leitura da bíblica e obediência, crescerá
para produzir muitos frutos.
Todos fazem planos para o futuro
e querem ter o domínio sobre eles. Por isso, busca-se prever o maior número de
possibilidades visando ao melhor custo-benefício nesta curta passagem de tempo.
Restituir o controle da vida ao livre arbítrio de Deus significa abrir mão de
planos, ambições, desejos íntimos, sejam eles legítimos ou não, para conhecer o
propósito do Senhor da vida.
Contudo, essa fé parece antagônica
num cenário de razão e liberdade. Renunciar às ambições sugere que, a partir de
então, o projeto de Deus é mais importante do que o sonho individual. Em
princípio, a questão determinante para quem pretende tomar tal decisão é saber
qual seria, exatamente, o plano de Deus para a vida; levando em conta que o
Divino raramente se manifesta de maneira visível. Felizmente, o Espírito Santo
foi designado para estabelecer conexão da Terra com o Céu, além de alertar
quanto ao pecado de cada um, a justiça de Deus e o juízo final.
Claro que existem seres humanos
privilegiados que foram abençoados, de alguma maneira, da direção a seguir,
pelo menos, nos grandes temas da vida. Veja, por exemplo, o caso de Abrão
quando recebeu a orientação para sair de casa e ir a uma terra que nem sabia
qual era. Quando uma bênção desse tipo acontece com alguém, pode acreditar que
é um ser humano felizardo! Então, é só obedecer e seguir em frente. Obviamente,
sem a garantia de que tudo serão flores. Abrão, por exemplo, andou mais de mil
quilômetros com sua família e muitos animais, que precisavam de comida e água
diariamente. Na verdade, ele peregrinou durante 100 anos de sua vida por terras
áridas.
A oração e a
leitura da bíblia favorecem momentos de intimidade com o Céu, reforma de vida e
o conhecimento dos princípios básicos da vida como justiça e amor
Entretanto, conversar com Deus,
como Abrão o fez, é o sonho da maioria. A realidade dos mortais é outra. Por
conta disso, o primeiro passo para estabelecer comunicação com o Céu seria buscar
na oração a orientação divina da direção a seguir. “A oração é o abrir do
coração a Deus como a um amigo” (Ellen White, Caminho a Cristo, pág. 93, Ed.
CPC). Vale destacar que uma vida de oração é comparada a um relacionamento de
intimidade como se tem com alguém. Duas pessoas se conhecem pela proximidade e compartilhamento
de suas confidências. Orar é separar tempo diário para dialogar com Cristo acerca
dos desafios da vida, bem como as alegrias e tristezas.
Em segundo lugar, a leitura
diária da bíblica é mandamento obrigatório. Ela deveria ser o livro de cabeceira.
É pela leitura da bíblia que se inicia a caminhada rumo à Canaã como fez o pai
da fé. Ao se deparar com os ensinamentos bíblicos, algumas condutas,
possivelmente, mudarão no convívio familiar, no trabalho, ou nos negócios. Cada
pessoa, supostamente, faria um inventário de seu passado e veria no balanço dos
atos praticados que certas atitudes careceriam de mudança. Outras precisariam
de reforço, e quem sabe seria um bom momento para fazer uma faxina das ações
nocivas.
A priori, o juízo das ações
prejudiciais é possível utilizando a bíblia como parâmetro, tanto no âmbito particular,
quanto diante do semelhante. Por meio dela, consegue-se identificar,
basicamente, a vontade de Deus para a pessoa e para a sociedade na qual ela está
inserida; pelo menos, referente aos princípios elementares como amor, justiça,
verdade, misericórdia, perdão etc. Questões básicas podem ser levantadas no dia
a dia, tais como: se Deus estivesse aqui ao lado, como seriam os pensamentos? De
que maneira se falaria determinado assunto? De que modo agiria? Essas perguntas
direcionam para o velho conceito de temer a Deus. Dito de outra maneira, temer
a Deus é saber o que Ele aprova, ou o que reprova, promovendo adequações do
querer humano com a ordem divino. Na ausência da voz audível de Deus, a bíblia é
o único porto seguro no qual posso conhecer a vontade do Pai. O texto sagrado
foi o guia para o povo hebreu da era patriarcal e, igualmente, para os
primeiros cristãos do tempo apostólico. É desafiador ter uma vida de fé em
nossos dias. Todavia, é confortador saber que a fé é dom gratuito de Deus.
O Antigo e o Novo
Testamentos são o porto seguro para a fé. Jesus Cristo acreditava nos fatos
narrados no Antigo Testamento. É pela leitura da bíblia que se conhece o
conceito de pecado
O que seria, então, a fé em
nossos dias? Diz a bíblia que fé é dom de Deus (Efésios 2:8). Fé é acreditar na
bíblia como sendo a palavra de Deus por revelação do Espírito Santo. A bíblia
nasceu silenciosamente com propósito divino, sem o alerde para justificar a
grandiosidade de seu Autor. Textos daqui e dali escritos por doutores e
analfabetos foram inspirados e juntados de tempos em tempos para criar o quebra
cabeça do Antigo Testamento, montado apenas pelo Espírito Santo do Altíssimo.
Nos dias de Jesus Cristo o cânon
do Antigo Testamento de 66 livros já estava pronto. Ele deu credibilidade aos
fatos nele narrados, tais como a criação literal em seis dias das plantas, dos
animais e de Adão e Eva. Observe que Cristo acreditava em Adão e Eva, na
destruição da cidade de Sodoma, no dilúvio universal, na história de Jonas, dentre
outros assuntos narrados no texto sagrado, sobre os quais Ele fez referência. No
que se refere ao Novo Testamento, quem diria que algumas cartas e poucos
ensinamentos de Cristo, contados pelos Apóstolos, constituiriam na regra de fé,
prática e esperança de milhões de pessoas das mais variadas nacionalidades, ao
longo dos séculos, como que peregrinando para o lar celeste!
Via de regra, Deus não fala
pessoalmente com a maioria dos mortais. Todavia, o fiel crê na bíblia como
sendo a palavra do Senhor. Ultimamente, ela anda meio desacreditada. No
passado, fora desprezada pela maioria. Por ‘um tempo, dois tempos e metade de
um tempo’ esteve apagada (Daniel 7:25). Renasceu, e hoje reclama sua
credibilidade diante da relativização de tudo. Em relação os ataques do momento
está a ‘atualização’ interpretativa de seu suposto arcaico conteúdo, como
defende a teologia liberalista. Os que defendem essa tese argumentam que
vivemos numa sociedade tecnológica e que os patriarcas bíblicos eram de um
período ‘pré-histórico’. No entanto, aqueles que relativizam a bíblia se
esquecem que os pecados de todos são os mesmos desde que gente é gente, tanto
no passado quanto no presente. É pela leitura da bíblia que conhecemos o conceito
de pecado. A voz da consciência guiada pelos sussurros dos Espírito Santo
denuncia o pecado objetivando mudança de direção: sair das trevas espirituais
para a luz.
A leitura da
bíblia desperta no cristão o senso de missão para abençoar outras pessoas
financiando a pregação do evangelho
É, também, pelo estudo da bíblia
que se desperta no crente o senso de missão. Pessoas são transformadas, não
apenas pela leitura dela, antes de tudo, pelo poder do Espírito Santo que as
capacita para levar as mesmas vitórias ao semelhante. Algumas pessoas o fazem
com esforço próprio, outras com seus recursos e intelecto. Vem de Deus os
diversos dons, inclusive o de financiar a pregação do Evangelho.
Fazer a vontade de Deus pode
significar o financiamento da pregação do Evangelho com os dízimos e as ofertas
frutos do trabalho pessoal. O dizimista tem o temor de Deus, porque participa
com seus recursos da obra do Senhor. A devolução do dízimo ao Criador tem a
capacidade de transformar a ambição egoísta em ato altruísta.
A devolução do
dízimo é uma bênção e um desafio
Devolver a Deus o dízimo é um
excelente remédio para um tipo de câncer da alma. A riqueza material poderá ser
uma dádiva de Deus se usada sob orientação celeste. Quem sabe alguns ricos
precisem de fé para vencer a confiança própria e entregarem o controle de tudo
nas mãos de Deus!
Fé, sob a ótica do dizimista, é
acreditar que Deus está olhando para cada um e perceber que Ele pode identificar
as necessidades do indivíduo no meio de bilhões de iguais. Essa atitude de fé requer
vigilância constante porquanto tem alguém trabalhando contra. Diz o texto
bíblico que se possível um inimigo enganaria até os escolhidos (Mateus 24:24).
É pela fé que são vencidas as investidas daquele que busca afastar de Deus o
fiel dizimista.
Foi assim que Jesus Cristo saiu
vitorioso sobre as tentações do inimigo. Disse o Mestre a respeito da fé: não
se preocupe com o dia de amanhã (Mateus 6:25). Em outras palavras, é o mesmo
que dizer para se libertar da ansiedade por causa dos recursos minguados, ou do
estresse da bolsa de valores. Se a luta de um rico pode estar em vencer a
ambição e em transferir o comando de tudo, a dificuldade do pobre é superar a escassez.
Certamente, viver com poucos recursos no orçamento é tarefa de um bom
planejador financeiro. Claro que, tirando a parte do dízimo do orçamento fica muito
mais desafiador administrar o salário. Alguns ricos, e certos pobres, contudo, deixam
passar despercebidos que a vida é superior à ambição ou à dificuldade, e que o
Criador tem amor infinito para cada ser humano. A vida cristã não promete
facilidades. Pelo contrário, “aqui no mundo vocês terão aflições, mas
animem-se, pois eu venci o mundo”, disse Jesus (João 16:33). Não obstante, há
uma promessa no Salmo 37:25: “Já fui moço; agora sou velho, mas nunca vi o
justo ser abandonado pelo Senhor, nem seus filhos mendigar o pão”.
Devolver o dízimo, mesmo diante
de circunstâncias adversas, é um ato de fé. É amar o próximo ao ponto de
financiar a salvação dele. É acreditar que os recursos do orçamento não serão
gastos com tratamentos ou medicamentos caros, porque Deus abrirá as janelas dos
céus, trará saúde sem medida e paz de espírito. É a cura da alma.
O dizimista anda
na presença de Deus
Há mais razões para dizimar. O
ato só faz sentido para alguém que anda na presença de Deus. É demonstração de
fidelidade e obediência aos mandamentos do Senhor. Dizimar é sinônimo de
fidelidade, assim como ofertar é sinônimo de gratidão. Para ficar somente na
questão da fidelidade, porque fidelidade é uma escolha que implica em eventual
perda, o dízimo é ato de parceria com o céu.
Se o adorador devolver a parte
de Deus em forma de dízimo, mas lhe negar as outras áreas da vida, soará
mercantilismo, porque Deus espera que tudo seja consagrado. Dez por cento é
pouco. Numa linguagem mais moderna: 10% “é para os fracos”. A entrega é total. Entregar
uma parte e ficar com outra, é negociar com Deus uma troca de favores.
Por essa razão, dos 90% que
ficam na administração do dizimista, somente poderão ser utilizados naquilo que
for aprovado pelo dono de tudo: O Criador. Nessa direção, com a parte dos 90% é
proibido comprar alimentos que destroem o corpo, que é o templo do Espírito
Santo. Fazer a vontade de Deus tem sentido de dizer que o modo de vestir, o que
comer, com que se divertir, onde investir as finanças, tudo isso deve estar sob
a aprovação do Soberano do universo.
O dízimo não é uma
apólice de seguro
De fato, é entregar o controle
nas mãos do Senhor e deixar que Ele decida o que fazer com a vida e com os bens.
Veja que no passado alguns fiéis foram decapitados, outros queimados ainda vivos,
enforcados, serrados ao meio, vendidos como escravos, devorados por leões. A
difícil tarefa é deixar que Deus decida sem questionar o aparente resultado
negativo advindo da fidelidade. Jesus Cristo advertira que os fiéis passariam
por aflições. Nesse sentido, é uma falácia a proposta da teologia da
prosperidade que promete vitórias sucessivas. Enquanto o Evangelho previne das
dificuldades em servir a Deus, a teologia da prosperidade promete o paraíso.
Inegavelmente, existiram no
passado, como nos dias de hoje, homens e mulheres afortunados de vida mansa em
terra que mana leite e mel tão fiéis quanto os mártires. Devolver a Deus o
dízimo está longe de ser a garantia de sucesso, saúde, ou vida longa. Quem
decide no que diz respeito aos rumos da vida é Deus e não o dizimista. O dízimo
representa um pacto de fidelidade sem a certeza de recompensa nesta vida. Justamente,
por essa razão simboliza um ato de fé. Portanto, antes de devolver o dízimo a
Deus, esteja certo de que sua vida jamais será a mesma.